segunda-feira, 23 de abril de 2012


Nuvens e vendaval




Parada na chuva, com a alma ensopada, sem saber qual direção seguir, qual caminho percorrer.
Sentou-se na pedra mais próxima e seu choro nem foi percebido. Nem ela se deu conta das lágrimas que caíam incessantemente.

Todas as nuvens negras existentes chegaram e ali ficaram. Sem brisa, sem vento, sem nada que as fizessem mover-se um milímetro sequer.

Ela queria respostas. Raios e trovões cismavam em acompanhá-la tornando insano o pensamento, impedindo que seu coração se comunicasse com sua alma e encontrasse o que tanto buscava.

Ali ficou. Parada, muda, surda e cega. A vida passou bem pertinho e ela nem viu. O sol tentou aparecer, mas suas nuvens pessoais não permitiram. A total falta de sentidos tornou-a paralisada, anestesiada, quase paraplégica.

Quanto tempo passou ninguém sabe. Só a vida e o tempo tem essa medida.

Um dia a natureza falou mais alto e o maior trovão de todos foi jogado em seu peito e ela caiu. Era o único jeito de levantar. Seu estado letárgico só seria abalado com a força que vem de onde não sabemos bem.

Confusa, perdida, sem saber pra onde correr, percebeu que não deveria ter pressa. Não agora. Agora era a hora de andar com calma. Perceber cada passo, sentir o chão, olhar o lugar onde pousava seus pés. O caminho à frente foi aparecendo, ao mesmo tempo em que as nuvens iam se dissipando, o céu ia ficando limpo, o sol brilhante fazendo força para ser visto, a luz finalmente entrando em seus olhos.

Ainda anda um pouco cambaleante. Mas a brisa voltou jogando seus cabelos para trás, deixando-os ensandecidos no prazer da liberdade. Os olhos semicerrados, ainda desconfiados, buscam a estrada certa, onde possa encontrar seu caminho de verdade.

A vida tem suas nuvens negras, mas ela agora tem seu próprio vendaval. Nunca mais ficará na chuva!


Silvia Mara
Ser inteligente não é saber muito. Isso é cultura.
Ser inteligente é utilizar todo esse conhecimento sem arrogância!


Silvia Mara