Nuvens e vendaval
Parada na chuva, com a alma ensopada, sem
saber qual direção seguir, qual caminho percorrer.
Sentou-se na pedra mais próxima e seu choro
nem foi percebido. Nem ela se deu conta das lágrimas que caíam incessantemente.
Todas as nuvens negras existentes chegaram
e ali ficaram. Sem brisa, sem vento, sem nada que as fizessem mover-se um
milímetro sequer.
Ela queria respostas. Raios e trovões
cismavam em acompanhá-la tornando insano o pensamento, impedindo que seu
coração se comunicasse com sua alma e encontrasse o que tanto buscava.
Ali ficou. Parada, muda, surda e cega. A
vida passou bem pertinho e ela nem viu. O sol tentou aparecer, mas suas nuvens
pessoais não permitiram. A total falta de sentidos tornou-a paralisada,
anestesiada, quase paraplégica.
Quanto tempo passou ninguém sabe. Só a vida
e o tempo tem essa medida.
Um dia a natureza falou mais alto e o maior
trovão de todos foi jogado em seu peito e ela caiu. Era o único jeito de
levantar. Seu estado letárgico só seria abalado com a força que vem de onde não
sabemos bem.
Confusa, perdida, sem saber pra onde
correr, percebeu que não deveria ter pressa. Não agora. Agora era a hora de
andar com calma. Perceber cada passo, sentir o chão, olhar o lugar onde pousava
seus pés. O caminho à frente foi aparecendo, ao mesmo tempo em que as nuvens iam
se dissipando, o céu ia ficando limpo, o sol brilhante fazendo força para ser
visto, a luz finalmente entrando em seus olhos.
Ainda anda um pouco cambaleante. Mas a
brisa voltou jogando seus cabelos para trás, deixando-os ensandecidos no prazer
da liberdade. Os olhos semicerrados, ainda desconfiados, buscam a estrada
certa, onde possa encontrar seu caminho de verdade.
A vida tem suas nuvens negras, mas ela
agora tem seu próprio vendaval. Nunca mais ficará na chuva!
Silvia
Mara